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ETNOGRAFIAS DAS GRANDES OBRAS

DIA 13/11

16-18hrs (Horário de Brasília)

MEDIAÇÃO:

VÂNIA FIALHO

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​Socióloga e antropóloga, professora da Pós-Graduação em Antropologia da UFPE e do Mestrado Profissional em Culturas Africanas, da Diáspora e dos Povos Indígenas, da UPE.
Trabalha com temas relacionados a processos de territorialização, garantia de direitos de povos e comunidades tradicionais.
Coordena o Laboratório de Estudos sobre Ação Coletiva e Cultura-LACC – e o Núcleo do Projeto Nova Cartografia Social em Pernambuco. Ultimamente tem se dedicados aos estudos sobre o impacto dos grandes empreendimentos no Sertão de Pernambuco, com especial atenção nos projetos de produção energética de diferentes matrizes e na mineração.
Dentre as suas publicações, encontram-se dois livros sobre o Povo Xukuru do Ororubá  (As Fronteiras do Ser Xukuru, 1998 e Plantaram Xicão: a criminalização do direito ao território, 2011) dedicados aos processos vivenciados por esse povo que se desdobraram no Caso “ Os Xukuru vs o Estado brasileiro”, levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos e julgado em 2018.

confira a gravação do dia 13/11
Etnografia dos conflitos sócio-ambientais no contexto do pluralismo jurídico: o caso do povo Kichwa do Parque Yasuní (Amazônia Equatoriana)
 
Sofia Cevallos

Esta comunicação estará baseada em uma experiência etnográfica (2014-2016), na qual tive a oportunidade de acompanhar a organização e a luta do povo Kichwa do Yasuní (Amazônia Equatoriana), contra a exploração petrolífera em seus territórios. Partindo do contexto de inscrição da Plurinacionalidade na Constituição Política equatoriana (2008), esta apresentação terá dois objetivos principais: 1. apontar o impacto das reformas constitucionais plurinacionais no campo dos direitos dos povos indígenas e as possibilidades e limites da aplicação dessas reformas em contextos de conflitos socioambientais; 2. abordar a maneira como a metodologia da investigação-ação me permitiu participar dos processos colectivos de reinterpretação e de redefinição  do vocabulário do direito - particularmente do direito à consulta livre, prévia e informada-, utilizado pelos povos indígenas como ferramentas “contra-hegemónicas” para por um lado, denunciar a marginalização em que vivem seus povos; e, por outro lado, desestabilizar o discurso oficial do desenvolvimento, dos direitos e da proteção ambiental, entendidos desde a lógica do capital transnacional.

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​Sofia Cevallos é doutora em Antropologia Social e Etnologia pela Antropologia Social e Etnologia pelo Institut Interdisciplinaire d’Anthropologie du Contemporain (IIAC), Laboratoire d’Anthropologie des Institutions et des Organisations Sociales (LAIOS) da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS), França. (2019) e pós-doutoranda pela Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (2020). Atualmente é membro do grupo de Pesquisa Justice and Indigenous People Rights (JUSTIP/EHESS) e membro do Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre Acesso à Justiça e Direitos nas Américas (LEIJUS-UnB). Seus trabalhos se concentram na análise dos conflitos sócio-ambientais causados ​​pelas atividades extrativistas no norte da Amazônia equatoriana. Sua pesquisa de pós-doutorado se propõe a estudar especificamente a situação das mulheres indígenas em contextos de desenvolvimento do extrativismo petrolífero, bem como os processos de mobilização local, nacional e internacional dessas mulheres para a defesa ambiental e territorial.

Táticas de matar e de resistir no confronto de indígenas e quilombolas com a Central Nuclear do Nordeste
Whodson Silva

A Central Nuclear do Nordeste é um megaprojeto do Ministério de Minas e Energia que prevê a construção de seis usinas nucleares às margens do Rio São Francisco, em um sítio localizado no município de Itacuruba – Sertão de Pernambuco. Esse município, onde se situam três povos indígenas e três comunidades quilombolas, já fora inundado para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica, em 1988, e reconstruído para abrigar todo o coletivo realocado compulsoriamente pelo empreendimento. O cenário atual, a sua vez, aponta para a consolidação de uma política nuclear que a apresenta como a fonte de energia do futuro, considerando fatores como a importância militar no seu uso e a sua sofisticação tecnológica. À vista disso, tenho desde 2015 etnografado as mobilizações antinucleares que confrontam as táticas utilizadas pelo megaprojeto de desmoralizar os atingidos nos espaços de decisão, bem como de deturpá-los no escopo mais amplo do planejamento. A realização de oficinas do Projeto Nova Cartografia Social (PNCS) para a construção de cartografias pelos agentes sociais têm se revelado não só como a possibilidade de descrição etnográfica das formas de resistência formuladas por indígenas e quilombolas, mas também se configurado em um próprio instrumento político que denuncia um conjunto de danos socioambientais nessa região do Sertão.

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Whodson Silva é doutorando em Antropologia pela UFMG, mestre em Antropologia pela UFPE, bacharel em Administração pela FSH, licenciado em Ciências Sociais pela UPE. Graduação sanduíche na Universidad de Antioquia (Medellín, Colômbia), no curso de Antropologia. Integra o núcleo Pernambuco do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), o Laboratório de Estudos sobre Ação Coletiva e Cultura (LACC/UPE) e o Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA/UFMG). É professor da Escola de Cidadania e Políticas Públicas da Diocese de Floresta e professor do curso de Especialização em Educação Intercultural para Indígenas e Quilombolas do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, campus Floresta. Atualmente é representante do Comitê Antinuclear do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental de Pernambuco.

Los conflictos socioambientales en la construcción territorial de Putumayo en Colombia
Maria Teresa Urueña

Los conflictos socioambientales en el departamento de Putumayo están relacionados, por un lado, con proyectos hegemónicos asociados al desarrollo, la conservación y la seguridad; y por otro, con la apropiación, uso y control que el Estado y otros agentes hacen de los recursos del territorio. Los conflictos de este tipo ocurridos en el departamento de Putumayo entre 1960-2014 han transformado el territorio, y a su vez han permitido construir una comprensión distinta de la relación sociedad-naturaleza.

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Maria Teresa Urueña é Politóloga y magíster en Estudios amazónicos de la Universidad Nacional de Colombia. Miembro del grupo de investigación Historia, Ambiente y Política. He trabajado desde la academia y la sociedad civil para comprender los desafíos socio-ambientales del territorio amazónico. En la defensa de los derechos humanos y en atención a víctimas del conflicto armado.

‘Quando a terra sair’: A urdidura de uma narrativa etnográfica indígena em Rodelas/BA
Felipe Sotto Maior Cruz (Felipe Tuxá)

Em  2017 defendi a minha dissertação de mestrado intitulada ‘Quando a terra sair’ Os Índios Tuxá e a Barragem de Itaparica: Memórias do Desterro, Memórias da Resistência” resultado de pesquisa etnográfica iniciada, pelo menos, no ano de 2012, quando me tornei bolsista do Programa de Educação Tutorial Indígena (PET) da UFMG. Desde então, a partir de minha experiência, tenho refletido sobre os desafios metodológicos e teóricos na construção de análises etnográficas em contextos de violações de direitos e implementação de megaempreendimentos. Enquanto um intelectual indígena, abordarei nessa comunicação aspectos diversos de nosso trabalho que vai desde a escrita, os imponderáveis do trabalho de campo e  a responsabilidade social e política da antropologia.

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Professor na Universidade do Estado da Bahia (Campus VIII), tem graduação em Ciências Sociais pela UFMG, Mestrado em Antropologia Social pela UnB. Atualmente cursa Doutorado em Antropologia Social na UnB conduzindo pesquisa sobre violações de direitos indígena e genocídio. É pesquisador da Fiocruz  e do OPARÁ, além de fazer parte do “Tecendo Redes Antirracistas” e ser membro do “Comitê de Indígenas Antropóloges” da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).

RELIGIOSIDADE TRUKÁ E O RIO SÃO FRANCISCO (PE):
UM ESTUDO DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA DAS GRANDES OBRAS
Manuela Schillaci

Esta comunicação pretende propor uma reflexão sobre cosmologia, território e violência simbólica das grandes obras entre os Truká, povo indígena ribeirinho morador do submédio São Francisco (PE). Na Dissertação de Mestrado aqui apresentada território e cosmologia, vistas como construções históricas contextuais, são analisadas em sua indissociabilidade, propondo uma cosmografia que conecta os aspectos geográficos e cosmológicos; disso emerge que a vivência religiosa do povo Truká tem um caracter claramente territorializado aonde agências humanas e não-humanas, dos encantados e demais seres cosmológicos, atuam no território compartilhado.

Atualmente, a territorialidade religiosa Truká está ameaçada pela implementação das grandes obras desenvolvimentistas. A política interventiva do hidro-negócio, que já tem modificado a vida e o território Truká com a construção de usinas hidrelétricas desde a década de 1970, inaugura um novo capítulo com o projeto de transposição e as novas barragens.

Neste contexto de atualização dos conflitos socioambientais na região, proponho a análise da ação das grandes obras em termos de violência simbólica, porque atinge a dimensão cosmo-territorial da vida dos Truká. A defesa do território e da perspectiva do lugar, nos permite repensar em termos políticos e epistemológicos as concepções da natureza que orientam a ação desenvolvimentista nos territórios, questionando a visão hegemônica da natureza como externalidade manipulável, para recolocar a humanidade como parte desta natureza, a partir do olhar sobre o mundo próprio das cosmologias indígenas. Neste sentido, os choques cosmológicos e de territorialidades nos permitem reler as ecologias imperialistas da natureza e questioná-las.

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Possui graduação em Ciências Sociais e Mestrado em Antropologia pela UFPE, è membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade - NEPE/UFPE. Sua atuação e pesquisa se dão principalmente no âmbito dos seguintes temas: territorialidade, conflitos socioambientais e impactos das grandes obras nos territórios indígenas; história e memória do indigenismo e do movimento indígena no Nordeste; acervos indigenistas, memória e patrimônio; mulheres indígenas; agroecologias indígenas.

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